O amor na Transfiguração
“Enquanto Ele orava,
mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e
resplandecente.” (Lc 9,29)
O relato da Transfiguração dá início à caminhada quaresmal no Evangelho de S. Lucas – uma caminhada de paradoxo e mudança. Pedro acabou de proclamar Jesus como o Messias e ambos estão a realizar as longas viagens em direção a Jerusalém.
O relato da Transfiguração dá início à caminhada quaresmal no Evangelho de S. Lucas – uma caminhada de paradoxo e mudança. Pedro acabou de proclamar Jesus como o Messias e ambos estão a realizar as longas viagens em direção a Jerusalém.
Alguns
comentadores acreditam que a transfiguração tinha a ver com Jesus obter a
bênção final do Seu Pai. Outros acreditam que se tratou de permitir que os
discípulos escolhidos tivessem um vislumbre da glória de Deus, e da
Ressurreição que estava para vir, para que a compreendessem melhor.
Contudo, vejo o
monte como uma linha que divide águas, uma encruzilhada. É um momento fundamental
que liga o ministério inicial de Jesus ao seu destino em Jerusalém.
O percurso
doloroso escolhido significará que daí a poucos meses o mundo dos discípulos
será virado do avesso.
Nada mais será o
mesmo. A sua tarefa será transformarem o mundo orientados pelo Espírito, o que
irá originar a mudança mais profunda que o mundo alguma vez viu.
O poder de
concretizar esta mudança, esta transformação, não se baseia na riqueza ou no
privilégio, mas sim no amor.
Será centrado
nesse último gesto de amor: dar a própria vida para que os outros possam viver.
O amor que era
Jesus perdoou aos pecadores, disse que deveríamos dar a outra face, queria que
os ricos abdicassem da sua riqueza, disse que éramos todos iguais, falou de
modo familiar às mulheres e deu poder aos pobres. Disse que o que fizéssemos ao
menor dos seus irmãos era a Ele que o fazíamos.
Este amor é desconfortável, inaceitável, irrealista, ingénuo. É demasiado
dispendioso, quebra com todas as normas criadas pelos homens. Este amor está no
centro da missão da Igreja: temos a responsabilidade de trabalhar em prol de um
mundo que espera um Reino de Deus com paz e justiça aqui na terra e no qual
cada pessoa possa prosperar Por isso, embora a ajuda e a caridade sejam
necessárias para ajudar as pessoas que têm fome, também é importante trabalhar
para transformar o sistema alimentar falhado que mantém as pessoas a passarem
fome.
Chris Bain
Presidente da CIDSE (Cooperação Internacional para o
Desenvolvimento e a Solidariedade) e líder da CAFOD,
agência correspondente à FEC em Inglaterra e no País
de Gales, mandatada pelos Bispos
para lutar contra a pobreza e a injustiça em nome da
comunidade católica.
Comentários