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A mostrar mensagens de 2013

Em Jesus de Nazaré, Deus fez-Se homem

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«Admiravelmente, «o Verbo fez-se carne» (Jo 1, 14). Assim, a partir de dentro, do melhor útero da nossa humanidade, e, entre nós, Deus quis abraçar e respeitar a «difícil bênção da contingência» (E. Salmann). (...) Há tanto a colher e a acolher neste dizer-se do Verbo enquanto se faz carne. Em Jesus de Nazaré, Deus fez-Se homem – verdadeiro homem, com todos os ritmos e lugares da condição humana, porque «a humanidade do Filho de Deus é a sua carne em con-tacto com o mundo, con-sentindo com o mundo». E fez-se homem de verdade, por realizar a nossa humanidade tão verdadeiramente, sem a mentira do pecado. (...) Se Deus é capaz de nós, encarnando, nós, na nossa carne e no mundo onde nos reconhecemos em casa, somos capazes de Deus, porque, Ele próprio, nos faz assim capazes». P. José Frazão Correia sj (A justa relação com a vida  ou a graça de viver como filho - extratos)

Peregina da vida

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«O peregrino sabe que toda a noite tem o seu amanhecer, e este virá não importa o quanto frias, escuras ou desconfortáveis forem as horas que o precederam».  P. Paul Nicholson   Peregrina da vida e na vida de cada dia. É assim que me vejo hoje. Dou mais um passo ao encontro do Natal, à festa da noite, das luzes e das alvoradas que iluminam o dia.  Diz-se tanto sobre o Natal!... Tantas quês e porquês, tantas palavras se pronunciam ou escrevem sobre o este acontecimento que por vezes encobrem a beleza que faz o Natal SER o que é . Isto faz-me pensar na simplicidade do presépio, para onde me imagino a "peregrinar"… Então eu diria que de cada um de nós depende que  o Natal  aconteça e permaneça... nas pessoas, nos acontecimentos, no que escrevemos e no que lemos, na vida de todos e no coração de todos. A notícia que ecoou em Belém torna-se realidade a partir da nossa casa, do nosso prédio, da nossa rua, da nossa cidade e da nossa voz. Feliz Natal!

Deus sonhou

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Há dois mil anos Deus sonhou E foi Natal em Belém. Sonha também. Se o jumento corou E o boi se ajoelhou,  Não deixes tu de orar também. D. António Couto E hoje é assim... neste sonho que sempre me foi muito querido, numa realidade que dá sentido à minha vida, na Contemplação do Mistério... que o meu coração se ajoelha. Alice

Tempo de espera e de alegria

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«Dizei aos corações perturbados: «Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-vos.»  Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos.  Então o coxo saltará como um veado, e a língua do mudo cantará de alegria».  Is  35, 1, 4-9 Vivo com calma este tempo de espera e de esperança... Espero a alegria de um "encontro"  comigo e com a minha verdade, um encontro que me ajude a crescer na fé.  Espero e desejo que o encontro com aqueles que comigo cruzarem, seja feito de convite e acolhimento. Pressinto que este tempo de Adento pode muito, pode tudo até... Para que o Natal aconteça, e sei que é neste mundo, neste tempo e nesta hora, que cada um de nós, pode encontrar o lugar da gruta e assim chegar ao coração do presépio.    Recebemos familiares e amigos e hospedamo-los com alegria, muitas vezes eu gosto de hospedar desejos e sonhos... E até verdades que custam... e aind

Perguntei ao Advento...

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Perguntei ao Advento que palavras diria a um coração abandonado e ferido… e ele falou-me de esperança. De uma esperança que resiste a todos os malfeitores e devolve à vida o encantamento e a liberdade. Perguntei ao Advento por um remédio para os olhares cinzentos, por um elixir para os ritmos apressados e as vítimas do “sem-tempo”… e ele falou-me de uma espera. Uma espera para não mutilar a vida e serenar as ousadias sem fecundidade e todas as pressas e incapacidades de silêncio. Perguntei ao Advento por uma luz que incendiasse os corações mais frios, que tecesse nas fibras do ser profundo uma aurora luminosa… e ele mostrou-me o mistério da Luz. Perguntei ao Advento onde encontraria um menino para deitar nas palhas de um presépio feliz… e ele sussurrou-me o nome de tantos inocentes que não viram a luz; de tantos olhares pequenos, escondidos em trincheiras e valas de guerra; o nome de tantos rostos vencidos pela procura de pão. Perguntei ao Advento onde en

Maria , a grávida de esperanças...

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Caravaggio «(...) Ponhamos nesta gruta uma mulher grávida, porque é grávida que Maria medita todas as coisas em seu coração. Deixada só pelo anjo da anunciação, reconhece que tudo tem o seu tempo. A sua gravidez também. Um longo tempo é necessário.   “Está de esperanças”, dizemos de uma mulher que espera bebé. Maria está para gerar na carne Aquele que é desejado há tanto tempo. Haverá sabedoria maior que a de acompanhar a gravidez das biografias e dos tempos? Tudo o que somos tem necessidade de uma longa gestação. Leva tempo a gerar o que devemos fazer nascer: uma criança, um livro, uma decisão de vida, uma vida inteira. Quanta história e quantas histórias foram precisas para que o Filho encarnasse no ventre de Maria? Quantas para que fosse dado à luz? E quanta história e histórias para que S. João chegasse a dizer que Deus é amor? Um corpo de menino, uma frase tão curta, mas uma longuíssima e dramática gestação. Muito tempo foi preciso para dizer tanto e tão sobriamente. E m

O anjo do Advento e o meu anjo

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Que diremos nós ao Anjo do Advento? Que o Teu Anjo Senhor possa testemunhar como trazemos cravada a necessidade da Tua mão, a absoluta necessidade de sentir a Tua mão funda, capaz de nos acolher tal qual somos tal qual nos encontramos; Que o Teu Anjo relate este desejo que temos de sentir o roçar, mesmo que leve, da Tua imensidão no precipitado, no precário, no incerto das nossas quotidianas rotas; Que o Teu Anjo descreva o que viu em nós: a fome e o desejo o labor e a imperfeição o silêncio e a prece com que dizemos com que Te dizemos: Vem! Texto: José Tolentino Mendonça Imagem: Rui Aleixo Sei de um anjo que me acorda para o dia  Sei que ele me adormece na noite Sei de um anjo  que quer a minha vida cheia de flores e me ensina que tudo é Graça   Sei de um anjo  sim eu sei de um anjo brilhante que reflete o Amor de Deus Alice

A esperança que renasce

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a cor do silêncio

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Paro aqui porque quero ouvir o silêncio... abrigo-me neste tecto cinzento que deixa passar um raio de sol também silencioso. Sinto o ar que passa pelas frestas desta casa onde escolho hoje morar.  Acolho a força e a simplicidade do nada porque tudo o que me rodeia me fala de ti... Trago comigo a saudade... e o  silêncio toma as cores de cada ausência, de cada dor, de cada palavra...  Eis-me aqui para acolher tudo o que me ofereces Senhor.   Deixo um poema: O que dói. É tudo. O que dói É não poder apagar a tua ausência e repetir dia após dia os mesmos gestos O que dói é o teu nome que ficou como mendigo Descoberto em cada esquina dos meus versos O que dói é tudo e mais aquilo que desteço Ao tecer para ti novos regressos Daniel Faria

O silêncio

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Sim, porque o silêncio fala de esperanças que me fazem sonhar…

Falo do dia de Todos os Santos e da minha terra

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Hoje é um dia, em que relembramos o sentido da vida que nos vem da fé. Movimentam-se pessoas e ramos de flores, enfeitam-se os cemitérios, pensamos nas pessoas que se ausentaram do nosso convívio para uma vida feliz que não acabará nunca. Falamos uns com os outros, de Todos os Santos e de felicidade… E de facto a Felicidade acontece nas possibilidades e nas pequenas certezas do dia-a-dia,  está à distância do meu querer, do amor que ponho,  ou não,  nas coisas que faço, está onde estiver um sorriso ou um abraço… Olhando este dia de Outono que entrou cheio de força e suavidade nas nossas vidas, se instalou e nos dá menos tempo de luz, penso em tudo quanto é pequeno, frágil e mesmo assim nos alegra e faz felizes, porque nos ensina a amar mais.  Deixo estas fotos da “minha terra” e uma reflexão sobre a santidade que faz sentido e se faz convite para mim. «A flor do mundo é a santidade. Ela dá flexibilidade à dureza, torna uno o dividido, dá liberdade ao aprisionado, põe espe

A Amizade

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Porque o acredito e o sinto, aqui fica para os meus amigos. "Aquilo de que uma amizade vive também dá que pensar. É impressionante constatar como ela acende em nós gratas marcas, tão profundas e com uma desconcertante simplicidade de meios: um encontro dos olhares (mas que sentimos como uma saudação trocada entre as nossas almas), uma qualidade de escuta, o compartilhar mais breve ou demorado de uma mesa ou de uma conversa, um compromisso comum num projecto, uma ingénua e profunda alegria"...  P. José Tolentino Mendonça "nenhum caminho será longo" 

Uma semente que cresce

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Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Arranca-te daí e vai plantar-te no mar, e ela obedecer-vos-ía.  (Lc 17, 6) Tão simples e tão pequenino o grão de mostarda, tão frágil na sua pequenez mas acreditando que vai crescer numa relação justa e simples com o ambiente que o cerca… e Jesus fala-me dele dizendo-me que na fé existe simplicidade, existe um coração que se abre ao “outro” a qualquer outro. Acontece em mim como um dom e um desejo de ser e viver para o amor e por amor.  Convida-me a encontrar Deus em tudo e deixar-me surpreender pelos limites da fragilidade e das dores tão incómodas por vezes, mas ao mesmo tempo pela força que brota do meu desejo de amar e acreditar no amanhã. Deixo a foto de um campo de mostarda e uma reflexão que me chegou e não resisto em partilhar pela sua verdade e beleza poética mas simples.  «Oiço bater à porta. Serás tu ainda? Que fruto trazes nas tuas mãos despidas? Um balde? O mar? O mar num balde? As

Senhor: é tempo

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Senhor: é tempo. O Verão foi muito longo. Lança a tua sombra sobre os relógios de sol e solta os ventos sobre os campos. Ordena aos últimos frutos que amadureçam; dá-lhes ainda dois dias meridionais, apressa-os para a plenitude e verte a última doçura do vinho pesado. Quem agora não tem casa, já não vai construí-la. Quem agora está só, assim ficará por muito tempo, velará, lerá, escreverá longas cartas e vagueará inquieto pelas alamedas acima e abaixo, quando caírem as folhas. in Rainer M. Rilke, «O Livro das Imagens» Ao ler este poema de Rilke, não resisto ao desejo de o partilhar.  Enche-me de paz e gratidão pela beleza da poesia que é capaz de tudo tornar perfeito, frágil e sublime. Traz consigo um desejo de silêncio e de fé, de diálogo inquieto mas cheio de esperança...  Amo em mim a fragilidade e a esperança. Neste verão que foi tão longo num tempo sem tempo certo nos momentos de  sonhos breves nos frutos que vi crescer no fulgo

Desejos de felicidade

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"O desejo mais profundo de uma pessoa é ser feliz. Não só por um momento, mas feliz para sempre. Outra coisa não seria normal! Mas há quem desista desse sonho por lhe parecer uma paixão inútil e impossível, confundindo felicidade com bem-estar ou prazer. Ser feliz é ser fecundo. É esse o significado da palavra. E uma árvore só é fecunda quando é podada. Não se é feliz sem podar o egoísmo." in "Não há soluções, Há caminhos" P. Vasco Pinto Magalhães sj Foto: Zilda Sousa (Vale do Rossim - Serra da Estrela)

É noite

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De repente tudo ficou escuro, da janela olho o lampião habitual e uma ténue imagem de lua sem cor definida. Uma espécie de bruma triste envolve-me  e não me ajuda a ver o que quer que seja, há uma escuridão húmida, e cheia de ausências... Volto à infância, ao Hospital da Parede, quero chorar mas não posso, as outras meninas ouvem, as camas estão muito próximas, não devo perturbar o silêncio. Quero rezar a Oração de Santo Inácio tal como rezo todas noites, não me sai bem a habitual, não é exactamente aquilo que sinto, vivo e experimento agora... Respiro um pouco e faço nova a minha oração:  Tomai Senhor e recebei, tudo o que sou tudo o que faço, tudo o que tenho,  de Ti o recebo e a Ti o entrego nesta noite, que a Tua vontade seja a minha vontade, e aquilo que eu desejo verdadeiramente. Aceita Senhor, tudo o que sou mas dá-me a Tua força  dá-me a Tu Graça e a Luz da Tua Verdade. Transforma o meu coração e imprime nele a força do Teu amor,  Envolve-me nos teu

Desafios de Deus

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Hoje quero deixar como nota o desafio que me foi lançado de manhã pelo passo a rezar , pedir  a graça de uma existência cristalina que tenha como nascente o próprio Deus. Foto cedida por Francisco Esgalhado

Sobre o amor

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"Sei que quanto mais amo menos devo conhecer. Não sei explicá-lo. Sei que a luz ao aproximar-se do meio-dia se faz tarde e anoitece."  Daniel Faria (do livro do Joaquim) Caminho sem desistir... Ando acima do solo, sem pés... Sento-me numa cadeira também ausente a todos os olhares, uma cadeira leve e sem suportes... Envolve-me uma luminosidade desconhecida, tão branca, tão pura e tão forte ao mesmo tempo...  Quero fechar os olhos mas eles enfrentam a luz sem medo... Há uma paz "nova" que me habita desde de dentro, oiço uma nova melodia. Que sei eu deste lugar? Nada conheço senão o AMOR que nos envolve, nada conheço senão o teu abraço. Alice

Assunção de Nossa Senhora

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Que a  fé de Maria, mãe de Jesus, nos ajude a viver na esperança, na confiança e na  simplicidade.  A alegria de quem serve e o canto do Magnificat sejam fonte que brota no coração de cada um de nós, neste dia de festa.        Deixo um poema  Para Sempre   Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.  Carlos Drummond de Andrade  

"Nada me faltará"

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Continuo a ir diariamente à fisioterapia, por um lado acredito que, a seu tempo me fará bem, mas por outro sinto um certo um cansaço, ter de sair todos os dias e passar ali cerca de 2 horas... Hoje tudo me parecia mais custoso, toalhas quentes com tanto calor... por momentos pensei que não ía aguentar e deixei correr uma lágrima silenciosa e breve que secou sem deixar qualquer sinal.  Fiquei algum tempo a refletir, deitada na marquesa estreita, meio despida, ligada a aparelhos próprios e ouvindo os vizinhos do lado, cada qual com as suas queixas. Olhei para mim com mais verdade, mais condescendência e muito mais carinho. É que quando me olho assim aceito-me inteiramente, perdoo-me e retomo o caminho partindo do local onde parei: A dúvida que destrói o Amor e embacia o mundo que me rodeia. Sai reconfortada com as massagens da Sandra. Hoje quero agradecer a Deus as mãos, as da Sandra que tanto se esforçam para alivio de tantos, sempre confiantes e sem mostrar cansaço. As

O amor encarnado no quotidiano

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P orque esta leitura me ajudou a refletir e a situar na verdade, me trouxe um misto de sentimentos, memórias, vida vivida e certamente ainda por viver. P orque os afetos me são tão caros e há em mim desejo de ir acertando, p orque se trata de " novos encontros "... deixo um pequeno extrato do capitulo:  A-Deus, SANTÍSSI MO EXPOSTO. (...) «O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt  6,4-5)?  Sim, só Deus pode ser amado com todas as forças e com todo o entendimento. Nada nem ninguém, por muito que o quisessem, e mesmo declarando a sinceridade de intenção, poderiam garantir, sempre e em qualquer lugar, o reconhecimento dos afetos mais íntimos, dos desejos mais sinceros de um outro. Em qualquer momento, poderiam deixar de estar à altura das próprias promessas e das expectativas alheias.  Por isso, não é justo, sequer, colocar sobre alguém ou alguma coisa esse peso que,

Da página em branco...

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"C omeço a partir da página em branco " .... escrevo um pouco e deixo esta flor bonita que hoje me ajudou a rezar. Quando vejo as flores retomo memórias já conseguidas, da beleza que me leva a contemplar Deus que, na natureza se revela... Uma natureza tão pensada e completamente entregue à nossa guarda e à nossa criatividade!  Também por isso, em cada dia, desejo abrir o coração à esperança e à vida que desabrocha e acontece à minha volta.  Regressei à fisioterapia e mantenho-me fiel desde segunda feira. A Sandra (fisioterapeuta) continua a ter suavidade e fortaleza nas mãos. Na verdade sinto menos dores... É um bem que recebo e é também uma oportunidade de sorrir à vida. Sei que seria possível construir o mundo justo As cidades poderiam ser claras e lavadas Pelo canto dos espaços e das fontes O céu o mar e a terra estão prontos A saciar a nossa fome do terrestre A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia Cada dia a cada um a liberdade

Santo Inácio de Loiola - O peregrino

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«Não sei por onde Deus me leva, mas sei que Ele me conduz para Jesus»...  (Inácio de Loyola) Ontem foi dia de festa para os Jesuítas, celebrou-se o dia de Santo Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus e o primeiro a fazer a experiência dos Exercícios Espirituais (E.E.) de que tenho falado neste meu blog. Deixei-me envolver pela festa celebrada na minha Paróquia que está confiada aos Jesuítas. Houve missa solene e almoço partilhado para todos. Da   biografia de Inácio consta que uma certa   madrugada se retirou para Manresa, e por vários dias, sozinho numa gruta, anotou os senti mentos (ou moções) que experimentava durante a oração que fazia. São essas anotações que se tornaram a base de um pequeno liv ro chamado Exercícios Espirituais. Para mim é uma paragem, quase diria descanso. "Aparto-me" da vida comum do dia a dia (telemóveis, computador, televisão...).  É um tempo de silêncio, de oração de repensar a vida e sentimentos com mais verdade e aut

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Aqui e agora, O-sempre-presente restitui-se-nos no que as nossas existências  e  as nossas coisas têm de mais simples. Reduzido a pão que nem pão parece, a corpo que não se vê, o mistério divino pode tocar-se, partir-se, comer-se. Numa vulnerabilidade inaudita, expõe-se até à nossa desconsideração e ao nosso não reconhecimento. Aqui, o Santíssimo é Deus  e  é coisa, é Senhor e é servo, é pastor e é cordeiro levado ao matadouro, é dom e é moeda de troca, é grão lançado à terra e é alimento. Inseparavelmente. E, assim mesmo, enquanto se nos dá na pequenez das nossas coisas - no pão das nossas dores  e  no vinho nas nossas alegrias -, deixa -no espaço para as palavras que haveremos de dizer, para os gestos que haveremos de fazer, para as obras que haveremos de criar, para o corpo que haveremos de ser no concreto do nosso quotidiano e das nossas relações. Como indivíduos. Como comunidade de crentes. Aqui, o que já vimos abre-nos a passagem para o que ainda nos falta ver, o que já conhecem

Foi um tempo branco

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Volto a Daniel Faria sempre que preciso de me reencontrar na fonte de todas as fontes. Mergulhei neste tempo branco, onde as estrelas brilham sempre. " Era branco, um som que nunca ouvi" … Era branco e eu não sabia, desconcentrada e sem certezas. Era o branco de um coração vazio. Quero sair e por-me a caminho , sinto o toque do afeto, uma presença nunca ausente e " vi que era ele que partia o pão " , mas eu não sabia... Foi um tempo branco, repetidamente lavado nas próprias mãos Desviando a transparência do rosto para a noite Um tempo branco muito diferente da verdade Muito diferente das estrelas que se apagam Foi um tempo muito branco Mais doloroso do que os olhos sempre abertos no escuro Inimaginável quando pus de fora a cabeça , as mãos — tendo deposto o que trazia nelas — O corpo todo E saí como um paralítico depois do milagre Na forma de quem grita por socorro Foi um tempo branco porque era mudo E não havia nenhuma palavra q

“Faz isto e viverás”

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“Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais, envelhecidos: se alguém chama por nós, não respondemos, se alguém nos pede amor, não estremecemos. Como frutos de sombra, sem sabor, vamos caindo ao chão, apodrecidos”! Eugénio de Andrade – “As mãos e os frutos”

O pardalito e eu

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Observo o pardalito pensativo e hesitante, olha o horizonte e possivelmente sairá em breve para continuar a sua viagem pelo mundo. Faço-lhe um convite: Fica comigo nesta manhã! Hoje sossego e fico à espera do momento de poder caminhar... É que ao levantar-me de noite caí em cima do "aparelho" que se amolgou um pouco. O Tó, sempre pronto, foi há pouco tentar compô-lo, nada de mais... E assim, por aqui  fico a sonhar com um horizonte tão perto e tão longe, tão alto e tão baixo, que me faz lembrar um quadrado. É curioso como as circunstâncias da minha vida, às vezes, se encaixam de forma tão subtil e cheia de surpresas, como se Deus me fosse ajudando a fazer o quadrado de uma existência que saltita de lado para lado, mas se enche dia a dia de plenitude e gratidão.  Alice

O menino

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 " O menino saltava sobre a ponte Amava as barcas as gaivotas ouvia as varinas e sabia Os corações não eram de granito Os lábios não eram de granito"  Daniel Faria, POESIA, 2012  

Ide! Não leveis bolsa, nem alforge...

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  *Depois, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.  *Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.  Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos.  *Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho.  *Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!'  Lc. 10 (1-6) Não ter nada. Não levar nada Não poder nada. Não pedir nada. e, sobretudo, não matar nada; não calar nada. Somente o Evangelho como uma faca afiada. E o pranto e o sorriso no olhar. E a mão estendida e apertada. E a vida, a cavalo, dada. E este sol e estes rios e esta terra comprada, para testemunhas da Revolução já iniciada. E “mais nada”! Pedro Casaldáliga

A cor do mar

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Olhando a enorme grandeza em que o céu se une à "terra/mar", sou como uma gaivota perdida que deseja conquistar o mundo... Mergulho num desejo de me misturar e envolver neste azul, mergulho livremente, descalça e sem "ataduras", para emergir de novo ao som do cantar da sereia.  Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes… e calma Sophia de Mello Breyner Andresen Foto minha - Praia do Pedrogão Nota - Esta praia tem acessibilidades e um carro  próprio para que eu, e todos e as pessoas com deficiência, possam ir ao mar

É Jesus a entrar

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«Meu Senhor e meu Deus!» «Tu acreditastes, Tomé, porque Me vistes; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto» Jo 20, 29 Sonho a    surpresa de  momentos   em que a porta se abre à "Luz".  Sonho portas sem  ferrolho  portas abraçadas vidas que se encontram na suavidade de um novo dia que acontece como uma bênção. Alice Tomé - Caravaggio porta - pesquisa google