Uma semente que cresce
Se tivésseis
fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Arranca-te daí e vai
plantar-te no mar, e ela obedecer-vos-ía. (Lc 17, 6)
Tão simples e tão pequenino o grão de mostarda, tão frágil na sua pequenez mas acreditando que vai crescer numa relação justa e simples com o ambiente que o cerca… e Jesus fala-me dele dizendo-me que na fé existe simplicidade, existe um coração que se abre ao “outro” a qualquer outro. Acontece em mim como um dom e um desejo de ser e viver para o amor e por amor.
Convida-me a encontrar Deus em
tudo e deixar-me surpreender pelos limites da fragilidade e das dores tão
incómodas por vezes, mas ao mesmo tempo pela força que brota do meu desejo de
amar e acreditar no amanhã.
Deixo a foto de um campo de mostarda e uma reflexão que me chegou e não
resisto em partilhar pela sua verdade e beleza poética mas simples.
«Oiço bater à porta. Serás tu
ainda? Que fruto trazes nas tuas mãos despidas? Um balde? O mar? O mar num
balde? As rochas a estalar? O lume a arder em febre? Uma estrela cadente
envolta em neblina?
Trazes a história de uma semente
pequenina, microscópica. Dizes, para espanto meu, que, lançada à terra, dela
nascerá uma árvore grande, em cujos ramos vêm abrigar-se os pássaros do céu,
fazendo dela uma lareira carregada de alegria. E dizes, outra vez para espanto
meu, que a FÉ tem o tamanho e o virtuosismo dessa semente pequenina, que
semeada no meu coração e no coração do mundo pode desenraizar o que nos parece
seguro, sólido, assegurado, fazer ruir os nossos cálculos mais estudados, fazer
florir o alcatrão das nossas estradas, fazer sorrir a nossa história
desgraçada, arrancar embondeiros, plantar no mar aquilo que parece só poder
viver na terra».
D. António Couto
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