Semana Santa - reflexão e poesia
Começámos hoje a Semana Santa. O Domingo de Ramos é
uma celebração muito forte e cheia de significado, apelos interiores e de
desejos viver e crescer na fé. Também nós/eu, tínhamos ramos e
cantámos “Hossana ó Filho de David” como os que aclamaram a entrada de Jesus em
Jerusalém.
Hoje ao ouvir a leitura da Paixão (de
S. Lucas), percebi os silêncios de Jesus. A partir do meio da narração as
Suas palavras começaram a ser cada vez mais escassas: «Vós mesmos
dizeis que Eu sou». «Tu o dizes». «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem».
“A fé vive de
afecto…” E, como assim o creio, também eu
me quero deixar tocar afectivamente por este acontecimento e torná-lo Vida em
mim.
Sei que esta festa rapidamente se tornou para Jesus em
condenação e que levará Jesus até à morte e dou-me conta de não me é estranha esta
forma de actuar. Quando tudo está bem aplaudimos e o contrário acontece
imediatamente quando se quebram as nossas expectativas. Aí a fragilidade e a
falta de confiança vêem ao de cima com uma força que é atroz e que dói.
É este Jesus que vemos diante de Caifás que, agora zangado, levanta a mão Àquele se torna uma ameaça ao
seu poder. Jesus apresenta-se como uma alternativa à verdade de Caifás, uma
alternativa de amor verdadeiro… E fala de coisas diferentes, tem
gestos de compaixão e os seus silêncios são uma afronta ao conforto em que se instalara.
Que
semana te espera comigo Senhor? Que semana me espera Contigo?
Subiremos a Jerusalém num encontro de amor e fragilidade que se
misturam e sr tocam... Que hostilidades farei? Que hostilidades encontrarei pelo
caminho? Como ficarei diante de Ti, Senhor-Rei que tens espinhos por
coroa?
«Vê-Lo-ás preso e, como todos os outros, fugirás. Depois, voltarás e aguentarás, em pé, perante a cruz, perplexo, dorido… E depois?» (cito autor desconhecido)
É raro
Eu sei que é muito raro
acontecer
este encontro harmonioso
de tudo quanto sou
com o que fui
sem que me importe muito
de momento
com os caminhos de mim
que ainda desconheço
e que serei
ao tê-los desvendado
nem com aqueles que recusei
para chegar aqui...
(Hélder Macedo)
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