A escada

Por vezes, subo lentamente a escada do encontro, exige-me algum esforço subir escadas... mas subo porque sei que quando chegar ao cimo, encontrarei a Luz que sempre me ajuda a ver as coisas de modo diferente... É assim uma espécie de saída de um túnel, esta minha escada...
Diante desta luminosidade que me transcende e me faz por momentos fechar os olhos, posso sentar-me e abraçar o mundo e nele e com ele, a minha mãe que hoje me parece ainda mais frágil, posso fazer-me perguntas que sufocam neste momento a pequenez da minha existência.
E pergunto-me: já não o porquê, mas o para quê * desta doença de Alzheimer que a ataca, e há tanto tempo vai esvaziando lentamente, mas cada vez mais o seu cérebro?
Para quê também estes momentos frequentes de lucidez que a fazem recordar que existe algo que não consegue controlar mas não sabe o que é?
Hoje tudo parece lento em mim, não quero no entanto deixar de continuar a minha subida e levar a minha mãe comigo ainda que tenhamos de nos sentar a meio… De manhã, estava na cozinha a preparar o pequeno-almoço ela chegou junto de mim e começou a chorar.
- Porquê mãezinha? O que se passa? A resposta veio com custo…
- Estou triste filha, mas não sei… não sei o que tenho, não sei o que se passa comigo.
Abracei-a, aconcheguei-a um pouco no colo tentando secar aquelas lágrimas que muitas vezes são tão inesperadas quanto breves… Fiquei calada durante alguns momentos, sem nada que conseguisse pensar ou fazer, a seguir dispus-me a recomeçar a subida.
* (palavras do amigo p. Vasco Magalhães)
Alice

Comentários

Amiga, PARABENS pelo ser humano que és! Todo esse teu caminhar está sendo muito enriquecido espiritualmente, cada subida nessa escada da tua vida é mais um passo no processo evolutivo.Eu também já passei por um processo semelhante e muitos outros, mas, HOJE agradeço a DEUS por tudo que já aconteceu comigo. Estou também nesse momento subindo mais degraus e sei que conseguirei vitórias. Deus te abençoe sempre!
Anónimo disse…
O AMOR tem uma força enorme!:)

Abraço apertado!
Anónimo disse…
Tenho a felicidade de estar a fazer esse percurso, amiga. Sei demasiado bem do que fala. É uma subida íngreme e comprida. Por vezes necessita de pausas. Difícil. Mas quem é que disse que as coisas boas não são difíceis?

Bjinho

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